segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Mostra Paulo Emilio: Uma Homenagem



17 a 28 de setembro no CINUSP

Paulo Emilio Salles Gomes (1916-1977) foi escritor, crítico e professor de cinema da Universidade de São Paulo. Fundou o Clube de Cinema da Faculdade de Filosofia da USP nos anos 40, foi o responsável pela direção da filmoteca do MASP (que depois se transformaria na Cinemateca Brasileira) e organizou o primeiro curso de cinema no Brasil, em 1965, na Universidade de Brasília. Considerado um divisor de águas do pensamento cinematográfico no Brasil, Paulo Emilio configura-se como uma fundamental referência para a reflexão crítica da produção audiovisual brasileira.

Sabemos que, quando se torna muito técnica e específica, a crítica de arte corre o risco de apagar a riqueza da experiência artística, desvinculando-a da vida. Na crítica cinematográfica não devemos nos ater somente à técnica pela técnica, sem nos questionarmos como essa também se insere em um universo maior, ou seja, como ela se relaciona com a cultura, com a criatividade artística, e em última instância, com a própria vida. É justamente nessa forma de análise que se destaca Paulo Emilio. Suas críticas possuem um caráter subjetivo essencial e, de maneira muito fluída, envolvem todo o seu universo cultural, deixando vir à tona os próprios sentimentos que o cinema lhe proporciona.


É com o objetivo de reviver a crítica de Paulo Emilio, tão importante à história do cinema nacional, que a mostra “Paulo Emilio: Uma Homenagem” se faz pertinente neste ano em que se relembram os 30 anos de seu falecimento. Revisitar a sua crítica é, antes de tudo, reviver pontos altos da história do cinema através de um olhar profundo e sensível.



Sinopses e Trechos das Críticas de Paulo Emílio Salles Gomes


Paulo Emílio (Brasil - 1981) Dir. Ricardo Dias 1

Duração: 20 min. 35mm

Documentário de curta-metragem sobre Paulo Emílio, o filme evoca o contato do professor de Cinema Brasileiro com seus alunos e reconstitui situações de aula.

Tesouro Perdido (Brasil - 1927). Dir. Humberto Mauro.

Duração: 56 min. 16mm

Sinopse: É um filme mudo sobre os desencontros de dois irmãos criados órfãos de pai. Ao completarem a maioridade, cada um recebe a metade de um mapa de tesouro.

“A barreira de degradação fotográfica, que habitualmente se antepõe entre O Thesouro Perdido e o espectador atual, é aqui vencida pelo frescor das imagens que exprimem, além da natureza, algo de muito profundo em Humberto Mauro, um elemento muito preciso de sua personalidade que só bem mais tarde será dado conhecer melhor.” [...]

“A única coisa imperdoável de O Thesouro Perdido é o enredo.[...] O tesouro de O Thesouro Perdido parece imposto de fora com a intenção de dar importância e dramaticidade ao dia-a-dia trivial de uma humanidade comum, O conflito é importado de longe como se no ambiente bucólico para onde é transplantado não houvesse condições para a eclosão de qualquer luta: não é por acaso que em O Thesouro Perdido o tesouro acaba por ser rejeitado em benefício da permanência de valores extremamente convencionais mas artisticamente coerentes.” (EMILIO, P. Humberto Mauro, p.145 e p. 160, Cataguases, Cinearte. São Paulo, Perscpectiva, 1974)

Oharu – A Vida de uma Cortesã (Japão – 1952). Dir. Kenji Mizoguchi

Duração: 148 min. 16mm

Sinopse: Conta a história de Oharu, uma mulher que na sua juventude fazia parte da corte do Imperador, porém, por envolver-se com um homem de condições inferiores, sua vida muda, terminando como pedinte e cortesã.

“Só conheço bem um filme de Kenji mizoguchi, A Vida de O’Haru, mulher galante, e apesar de não o rever há cinco anos, não empalideceu a lembrança de seu esplendor plástico em branco e preto. Teoricamente é uma obra que teria muito contra si. Seu roteiro é constituído por uma meia dúzia de episódios bastante autônomos, tirados de um autor do século XVII, Ihara Saikaku. Além desse desafio à unidade, a história concentra na personagem principal, a mulher galante, um excesso de desgraças com intensidade excessiva e gosto duvidoso. Mas todos os defeitos potenciais de construção ou concepção são eclipsados pela qualidade intrínseca das imagens, por sua beleza de todos os instantes. A técnica de Mizoguchi consiste em conservar a câmera fixa por bastante tempo e fazer tomadas as mais longas possíveis, afim de dar o máximo de oportunidade aos meios de percepção do espectador. ‘Um filme’, declarou Mizoguchi, ‘deve ser outra coisa além da simples expressão psicológica’. Em última análise ele procura dar ao cinema os famosos ‘valores tácteis’, que Berenson considera a maior virtude da pintura.” (EMILIO, P. Crítica de Cinema no Suplemento Literário, pp.180-81, Rio de Janeiro, Paz e Terra/ Embrafilme, 1982. 2vols.)


O Portal do Inferno. (Japão – 1953). Dir. S. Kinogasa

Duração: 89 min. 16mm

Sinopse: Na era Heian (794-1185), em meio à disputa entre inimigos do imperador e seus defensores, um samurai insiste em conquistar uma mulher casada.

“Ele [Kinugasa] não acredita na sincronização do som e da imagem. Essa deveria ser tratada como no cinema mudo, sendo função do som inculcar-lhe poesia e sentimento. O ideal de Kinugasa é realizar um dia um filme que seria a história de um homem vivendo à beira de um rio, cuja vida seria contada unicamente pelos temas dos sons. Essa idéia situa bem as preferências estéticas do realizador. Um filme deve ser uma variação de detalhes da natureza, de luzes, de sons, uma espécie de fuga de sensações em torno de um tema que em si mesmo não teria maior importância. Se Kinugasa nunca pode alcançar plenamente esses objetivos, por motivos comerciais evidentes, ele procura sempre deles aproximar-se. O rigoroso classicismo de A Porta do Inferno, que provocou tanta admiração no Ocidente e desconcertou o público japonês, foi até hoje a expressão máxima de fidelidade de Kinugasa a seus princípios estéticos.” (EMILIO, P. Crítica de Cinema no Suplemento Literário, v.1, p. 182, Rio de Janeiro, Paz e Terra/ Embrafilme, 1982. 2vols.)

Noites de Cabíria (Itália – 1967) Dir. Federico Fellini

Duração: 110 min. 35mm

Sinopse: Esta obra de Fellini conta a história de Cabíria, uma prostituta de Roma que sonha em se casar e deixar a vida que leva, mas é obrigada a viver na marginalidade.

“Basicamente, o método do Fellini maduro e criador não é diferente do seu comportamento durante a irresponsável vagabundagem da juventude em Rimini. Num caso como no outro, ele solicita confusamente ao acaso esses momentos de aderência entre a fantasia e o concreto que são o ponto de partida de sua elaboração artística, isto é, de seu esforço pungente em dar forma e comunicação ao mundo dos valores espirituais e paramísticos que agitam o seu espírito.”

“Na realidade, a graça consiste na descoberta dentro de si próprio daquilo que permaneceu inato no meio das erosões provocadas pelo ato de viver e nada indica que as cerimônias religiosas sejam particularmente favoráveis à sua eclosão. Cabíria é fundamentalmente pura e não é numa romaria religiosa que a graça se manifesta mas no palco de um teatro de última classe, sob a ação de um mágico, diabo envelhecido e decadente. Essa seqüência é talvez a mais extraordinária de toda a obra felliniana.” (EMILIO, P. Crítica de Cinema no Suplemento Literário, v.1, p.436 e p.441, Rio de Janeiro, Paz e Terra/ Embrafilme, 1982. 2vols.)

De Crápula a Herói (Itália - 1959) Dir. Roberto Rossellini

Duração: 126min. DVD

Sinopse: Durante a Segunda Guerra, um general impostor aproveita-se de seus compatriotas prometendo-lhes interceder a favor de seus familiares capturados por alemães. Quando sua farsa é descoberta o general é preso, porém, para se livrar da pena, aceita colaborar com a Gestapo.

“Il generale della Rovere [De crápula a Heró] persegue deliberadamente um triunfo de bilheteria. Mas nada disso impede que à luz das preocupações mais íntimas de Rossellini a sua última fita exprima o prolongamento harmonioso de uma meditação presente em toda sua obra. Minhas referências apóiam-se naturalmente nos filmes que conheço melhor, Paisà, Fracesco, L’amore e Europa 51, e em todos eles palpita a busca ansiosa de uma verdade de vida, de uma autenticidade moral. Em Il generale della Rovere a natureza da reflexão continua a mesma, porém desta vez através de algumas minuciosas descrições do funcionamento da mentira.”

“A mentira tem má reputação, mas é uma grande desconhecida. Um dos méritos de Il generale della Rovere é propor tarefas nesse terreno para as imaginações críticas. Crápula ou herói, a base do comportamento do principal personagem da fita é sempre a mentira. A prática do bem e do mal tem em comum um suporte de ficção.” [...]

“Acredito que uma reflexão metódica com ponto de partida em ilustrações fornecidas pelo filme poderia conduzir a uma avaliação mais justa do papel da mentira na constituição de uma realidade civilizada. São tantas as ocasiões em que a única forma de comunicação entre os seres é o exercício da mentira, seu papel como estofo, cimento e válvula é tão eminente que se torna impossível imaginar o mundo sem sua presença harmonizadora. Não há conflitos entre a mentira e a verdade. Elas são complementares e nada se acorda tão bem com a serena mentira como doses mitigadas de seu contrário.” (EMILIO, P. Crítica de Cinema no Suplemento Literário, v.2, pp.241-42, Rio de Janeiro, Paz e Terra/ Embrafilme, 1982. 2vols.)

P. E. Salles Gomes (Brasil - 1979) Dir. David E. Neves

Duração: 35 min. 16mm

Feito para a televisão educativa, este documentário apresenta trechos de filmes nacionais e estrangeiros e os ilustra com comentários do crítico Paulo Emílio. Contém ainda depoimentos de Décio de Almeida Prado, Antonio Candido, Jean-Claude Bernadet e outros.

O Grande Ditador (Estados Unidos - 1940) Dir. Charles Chaplin

Duração: 124 min. 35mm

Sinopse: Primeiro filme falado de Chaplin, nele Carlitos vive dois personagens: o ditador Adenoid Hynkel (numa referência óbvia a Hitler) e um barbeiro judeu, que acidentalmente é confundido com o chefe de Estado.

“A personagem de Chaplin na tela sofreu variações profundas com o decorrer do tempo. Os freqüentadores de retrospectivas se surpreendem, às vezes, em conhecer um Carlitos violento, mau e vulgar. [...] Ele afirma e impõe seus desejos e caprichos. Apesar das aparências, o Carlitos do futuro guardará muito desses traços, particularmente uma constante rebeldia potencial contra as convenções e pressões do mundo exterior. No Carlitos clássico, a vontade de poder se dilui numa aparente submissão e a crueldade se esconde atrás de uma covardia calculada. [...] Mas a crítica, André Bazin em primeiro lugar, reconhece facilmente a presença dos dois Carlitos, dissociados, em O Grande Ditador. E os empreendimentos macabros de Verdoux evocam, apesar da impecável elegância, a distante fúria do Carlitos dos primeiros tempos.” (EMILIO, P. Crítica de Cinema no Suplemento Literário, v.1, p.212, Rio de Janeiro, Paz e Terra/ Embrafilme, 1982. 2vols.)

A Regra do Jogo (França – 1939) Dir. Jean Renoir

Duração: 110 min. DVD

Sinopse: Um influente parisiense promove uma festa em sua casa de campo. Alheia aos problemas do mundo, a rotina da burguesia francesa será mudada de repente.

“La régle du jeu [A Regra do Jogo], a última fita francesa [de Renoir] antes da partida para os Estados Unidos, fora distribuída algumas semanas antes do início da guerra, diante da mais total incompreensão da crítica e do público, no qual se incluía o autor deste artigo. Durante os anos da guerra conservei na memória apenas a seqüência, aliás extraordinária, de uma caçada. Faço essa confissão com certa vergonha, pois hoje La régle du jeu é para mim (e para muitos) não só a obra-prima de Renoir, mas o melhor filme francês e um dos melhores do mundo.”

“Com efeito, os primeiro críticos da fita, levados pelas idéias convencionais que haviam estabelecido em relação a Renoir, limitaram-se a ver em La régle du jeu uma sátira ao comportamento humano da classe dirigente francesa. Não há dúvida de que a regra do jogo é a mentira, é a hipocrisia necessária para o equilíbrio das relações entre membros de uma burguesia aristocratizada e alienada pelo lazer, e que a não observância da regra conduz a catástrofes. Mas esse é um lado do díptico, a metade da fita. Na outra, desenvolvida paralelamente e de igual importância, os personagens são os empregados cujo estatuto popular não impede que fiquem presos, tanto quanto os patrões, ao mecanismo impiedoso e desumanizador da regra. Os ecos sociais da fita são amortecidos por um pessimismo global e profundo em relação à natureza humana. Diferentemente, porém, de Stroheim, um dos seus mestres, Renoir tem simpatia por todos os personagens, suas falhas, hipocrisias e ridículos. [...] Renoir acumplicia-se com as razões de cada um, não julga individualmente ninguém, mas é ao mesmo tempo implacável com todos.” (EMILIO, P. Crítica de Cinema no Suplemento Literário, v.1, p.332 e p.335, Rio de Janeiro, Paz e Terra/ Embrafilme, 1982. 2vols.)

A Linha Geral (União Soviética – 1928) Dir. Sergei M. Eisenstein

Duração: 96 min. DVD

Sinopse: Com o aparecimento da camponesa Marta, destacando-se na liderança sobre a massa, o filme dá uma reviravolta, embora o filme gire em torno da coletivização de uma aldeia de camponeses.

“A intenção consciente de Eisenstein era fazer ateísmo, porém o gosto pelas formas, o ritmo singular, com algo de dignidade e do esplendor de um cerimonial religioso, obtido pela montagem, e provavelmente sua fascinação latente pelo fenômeno do misticismo, dão à cena uma amplidão e uma ressonância que escapam certamente aos objetivos originalmente procurados. Acaba-se com a impressão curiosa de que, excetuando o padre, que é tratado de maneira irônica, todos – autor e personagens – comungam no êxtase.”

“A cena mais célebre do filme, a estréia da desnatadeira de leite, tem também alguma coisa de religiosa e ao mesmo tempo de erótica. Na União Soviética encorajava-se a dignificação artística dos objetos prosaicos portadores de progresso, mas Eisenstein foi além, tentando de certa forma dar uma aura sacra à batedeira mecânica de leite. Ele escreveria mais tarde: ‘Não é o Santo Graal que inspira a dúvida e o êxtase, mas uma desnatadeira.’” (EMILIO, P. Crítica de Cinema no Suplemento Literário, v.1, p.225 e p.256, Rio de Janeiro, Paz e Terra/ Embrafilme, 1982. 2vols.)

Nascimento de Uma Nação. (Estados Unidos - 1915) Dir. D. W. Griffith

Duração: 187 min. DVD

Sinopse: Durante a Guerra Civil americana, o filme conta a saga de duas famílias, uma do norte e uma do sul. Obra considerada polêmica por seu conteúdo racista, já que coloca a Klu Klux Klan como importante no papel de insurreição do “estilo de vida” do sul após perder a guerra.

“Se considerarmos o cinema simultaneamente em seus diversos aspectos, como linguagem, arte, indústria e expressão social, Griffith é incontestavelmente a mais poderosa personalidade de toda a sua história. Ele foi o principal artesão das normas básicas do novo meio de expressão e o primeiro a utilizá-las com fluência e de forma coerente; entre seus filmes [...]; foi Nascimento de Uma Nação que despertou o interesse da alta finança pela nova indústria e a tomada de consciência pelas elites políticas e religiosas da América do poder do cinema em suscitar emoções e modelar a opinião.”

“Penso que a situação é clara. Como algumas de suas declarações o demonstram, Griffith reconhecia o valor artístico do filme, mas para ele pessoalmente o cinema era como uma das invenções miraculosas com que sonhara na juventude, capazes de enriquecer rapidamente um homem e dar-lhe em seguida tranqüilidade para realizar seu destino artístico.”

“Griffith só compreendeu seu destino quando este estava fundamentalmente realizado, isto é, por ocasião do lançamento de Nascimento de Uma Nação. Em última análise, a obra teve para o seu autor um papel semelhante ao que exerceu frente aos contemporâneos: revelar a grandeza do cinema.” (EMILIO, P. Crítica de Cinema no Suplemento Literário, v.1, p.361 e p. 365, Rio de Janeiro, Paz e Terra/ Embrafilme, 1982. 2vols.)





segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Basic Jazz












Mais um programa especial. Depois de um longo período de ausência, resolvi fazer um set só de pedradas jazzísticas com grandes clássicos da música norte-americana. Ressaltando que não houve uma intenção em delimitar estilos, seguir o desenvolvimento cronologicamente de forma linear, a única preocupação foi selecionar grandes instrumentistas e orquestras em seus períodos mais profícuos, mais nada.

Assim, começo com a mais pesada de todas as Big Bands, Count Basie e seus companheiros de várias noitadas em Kansas City, vale lembrar que uma das maiores lendas do jazz, Lester Young foi o sax tenor de Basie, refererência absoluta de dez entre dez saxofonistas de jazz, de Charlie Parker à Sonny Rollins e Coltrane, vale à pena notar o vigor dos seus solos arrasadores e sempre bem acompanhados por Basie. Para quem quiser se aprofundar mais, indico o filme de Robert Altman, Kansas City, onde vocês poderão acompanhar as noites conturbadas e quentes da cidade em questão, a trilha sonora do filme fica por conta de Count Basie Orchestra ( interpretada por excelentes músicos )que toca às noites todas no club subterrãneo da cidade. O filme trás ainda um duelo insano entre Lester Young e Coleman Hawkins, - a outra grande referência dos saxofonistas de jazz -, confronto este assistido por ninguém menos que um menino, cujo sobrenome é Parker e que logo viria a ser um dos maiores jazzman do século. A faixa que aqui apresento de Basie é Every Tub do álbum Basie Boogie.

Outro grande nome do Jazz, Duke Ellington, vem na seqüência, com grande sensibilidade e peso, Boo Dah é um estrondo suave e noturno que com solos metálicos compõem uma obra prima verdadeiramente moderna e norte-americana.

J. J. Johnson é representado aqui com a faixa Neo, com seu potente trombone é acompanhado por Harold Mabern no piano, Arthur Harper no baixo e Frank Gant na bateria. Neo é uma inegável evidência (Proof Positive) de que o jazz, a despeito das críticas acadêmicas, consolidou-se como um estilo autêntico e legítimo da música contemporânea.

Em seguida, uma faixa de um dos discos que considero um dos dez mais importantes da história do Jazz, a faixa é Dear Old Stokholm, o álbum é Round About Midnight e os interpretes; John Coltrane – sax tenor, Red Garland – piano, Paul Chambers – baixo e Philly Joe Jones na bateria, são liderados pelo mais sensível trompetista e bandleader da história do jazz , Miles Davis.

Já que Coltrane aparece na faixa anterior, nada melhor do que uma composição em que este aparece liderando seu próprio quarteto, em uma das suas fase mais profícuas e originais, Coltrane compõe Song of the Underground Railroad. Aqui a música é executada por Coltrane no sax tenor, McCoy Tyner no piano, Reggie Workman no baixo, Elvin Jones na bateria, e uma curiosidade todas as faixas deste álbum, The Complete Afrika/Brass Sessions, são conduzidas por Eric Dolphin.

Continuando nossa agradável viagem por esta estrada férrea e sinuosa jornada nos deparamos com outro mestre, Charles Mingus e uma pedrada atordoante, Boogie Stop Shuffle, com o peso e a exuberância única de Mingus que avança com ritmos inusitados. Infelizmente, não posso colocar o trabalho todo, mas fica aqui indicado outro disco fundamental do Jazz, Mingus Ah Hum, sua audição é obrigatória.

Agora quem se apresenta por meu intermédio é Sonny Rollins, um dos grandes saxofonistas dos 50-60. Um artista inquieto sempre recriando-se a si mesmo sem se diluir em suas recriações. Solos objetivos e swingados, espirituais e extrovertidos que apresentam um músico conseguindo equilibrar os mais antagônicos paradoxos. Acompanhado por músicos do porte de Max Roach na bateria, Tommy Flanagan no piano e Doug Watkins no baixo compreendemos que a música é uma linguagem capaz de estabelecer a comunicação e a sintonia entre almas de uma modo que possivelmente nenhuma outra linguagem pode fazer.

Finalizando, um dos nomes mais injustiçados da história do jazz, pouco reconhecido, morto jovem, talento precoce. Lee Morgan é um nome que rivalizaria com o próprio Miles davis, se este é agraciado com uma sensibilidade única, Lee Morgan é detentor de uma precisão inigualável. O brilho dos solos de trompete inconfundível foi apagado em 19 de fevereiro de 72, morto pela amante com um tiro no coração, morreu sobre o palco, sendo seu último sopro uma nota expelida pelo trompete. Aos 33 anos deixou um fértil legado que aos poucos estou conhecendo. Acompanhado por nomes como Wayne Shorter, sax tenor, Grant Green na guitarra e Herbie Hancock no piano criaram o álbum Search for the New Land, outra pérola recomendada a todos.

Bem, fico por aqui e espero que gostem da novidade, ficaria mais feliz ainda se deixassem suas opiniões e sugestões sobre um podcast, agradeço a visitae as sugestões.

Falou.

1. Count Basie – Every Tub
2. Duke Ellington - Boo Dah
3. J. J. Johnson – Neo (Proof Positive -
4. Miles Davis Quintet – Dear Old Sotckholm
5. John Coltrane Quartet – Song of the Underground Railroad
6. Charles Mingus – Boogie Stop Shuffle
7. Sonny Rollins – Strode Rode
8. Lee Morgan – Mr Kenyatta




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