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segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Mostra Paulo Emilio: Uma Homenagem
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Basic Jazz
Mais um programa especial. Depois de um longo período de ausência, resolvi fazer um set só de pedradas jazzísticas com grandes clássicos da música norte-americana. Ressaltando que não houve uma intenção em delimitar estilos, seguir o desenvolvimento cronologicamente de forma linear, a única preocupação foi selecionar grandes instrumentistas e orquestras em seus períodos mais profícuos, mais nada.
Assim, começo com a mais pesada de todas as Big Bands, Count Basie e seus companheiros de várias noitadas em Kansas City, vale lembrar que uma das maiores lendas do jazz, Lester Young foi o sax tenor de Basie, refererência absoluta de dez entre dez saxofonistas de jazz, de Charlie Parker à Sonny Rollins e Coltrane, vale à pena notar o vigor dos seus solos arrasadores e sempre bem acompanhados por Basie. Para quem quiser se aprofundar mais, indico o filme de Robert Altman, Kansas City, onde vocês poderão acompanhar as noites conturbadas e quentes da cidade em questão, a trilha sonora do filme fica por conta de Count Basie Orchestra ( interpretada por excelentes músicos )que toca às noites todas no club subterrãneo da cidade. O filme trás ainda um duelo insano entre Lester Young e Coleman Hawkins, - a outra grande referência dos saxofonistas de jazz -, confronto este assistido por ninguém menos que um menino, cujo sobrenome é Parker e que logo viria a ser um dos maiores jazzman do século. A faixa que aqui apresento de Basie é Every Tub do álbum Basie Boogie.
Outro grande nome do Jazz, Duke Ellington, vem na seqüência, com grande sensibilidade e peso, Boo Dah é um estrondo suave e noturno que com solos metálicos compõem uma obra prima verdadeiramente moderna e norte-americana.
J. J. Johnson é representado aqui com a faixa Neo, com seu potente trombone é acompanhado por Harold Mabern no piano, Arthur Harper no baixo e Frank Gant na bateria. Neo é uma inegável evidência (Proof Positive) de que o jazz, a despeito das críticas acadêmicas, consolidou-se como um estilo autêntico e legítimo da música contemporânea.
Em seguida, uma faixa de um dos discos que considero um dos dez mais importantes da história do Jazz, a faixa é Dear Old Stokholm, o álbum é Round About Midnight e os interpretes; John Coltrane – sax tenor, Red Garland – piano, Paul Chambers – baixo e Philly Joe Jones na bateria, são liderados pelo mais sensível trompetista e bandleader da história do jazz , Miles Davis.
Já que Coltrane aparece na faixa anterior, nada melhor do que uma composição em que este aparece liderando seu próprio quarteto, em uma das suas fase mais profícuas e originais, Coltrane compõe Song of the Underground Railroad. Aqui a música é executada por Coltrane no sax tenor, McCoy Tyner no piano, Reggie Workman no baixo, Elvin Jones na bateria, e uma curiosidade todas as faixas deste álbum, The Complete Afrika/Brass Sessions, são conduzidas por Eric Dolphin.
Continuando nossa agradável viagem por esta estrada férrea e sinuosa jornada nos deparamos com outro mestre, Charles Mingus e uma pedrada atordoante, Boogie Stop Shuffle, com o peso e a exuberância única de Mingus que avança com ritmos inusitados. Infelizmente, não posso colocar o trabalho todo, mas fica aqui indicado outro disco fundamental do Jazz, Mingus Ah Hum, sua audição é obrigatória.
Agora quem se apresenta por meu intermédio é Sonny Rollins, um dos grandes saxofonistas dos 50-60. Um artista inquieto sempre recriando-se a si mesmo sem se diluir em suas recriações. Solos objetivos e swingados, espirituais e extrovertidos que apresentam um músico conseguindo equilibrar os mais antagônicos paradoxos. Acompanhado por músicos do porte de Max Roach na bateria, Tommy Flanagan no piano e Doug Watkins no baixo compreendemos que a música é uma linguagem capaz de estabelecer a comunicação e a sintonia entre almas de uma modo que possivelmente nenhuma outra linguagem pode fazer.
Finalizando, um dos nomes mais injustiçados da história do jazz, pouco reconhecido, morto jovem, talento precoce. Lee Morgan é um nome que rivalizaria com o próprio Miles davis, se este é agraciado com uma sensibilidade única, Lee Morgan é detentor de uma precisão inigualável. O brilho dos solos de trompete inconfundível foi apagado em 19 de fevereiro de 72, morto pela amante com um tiro no coração, morreu sobre o palco, sendo seu último sopro uma nota expelida pelo trompete. Aos 33 anos deixou um fértil legado que aos poucos estou conhecendo. Acompanhado por nomes como Wayne Shorter, sax tenor, Grant Green na guitarra e Herbie Hancock no piano criaram o álbum Search for the New Land, outra pérola recomendada a todos.
Bem, fico por aqui e espero que gostem da novidade, ficaria mais feliz ainda se deixassem suas opiniões e sugestões sobre um podcast, agradeço a visitae as sugestões.
Falou.
1. Count Basie – Every Tub
2. Duke Ellington - Boo Dah
3. J. J. Johnson – Neo (Proof Positive -
4. Miles Davis Quintet – Dear Old Sotckholm
5. John Coltrane Quartet – Song of the Underground Railroad
6. Charles Mingus – Boogie Stop Shuffle
7. Sonny Rollins – Strode Rode
8. Lee Morgan – Mr Kenyatta
terça-feira, 28 de agosto de 2007
Baixio das Bestas – Cláudio Assis
O esgoto como consciência.
O naturalismo dos filmes de Cláudio Assis tem em seu distanciamento conseqüências das mais inócuas. Para mim, as únicas apreensões possíveis sobre seu filme, o Baixio das Bestas, não podem ser positivas, e se ele se pretende realista ou naturalista, o resultado foge da realidade “do mundo” perdendo-se no “seu próprio mundo” imundo e grotesco.
Um desfilar de personagens inumanas e sem liberdade alguma, condicionados pelo calor e pela pobreza, esta não só material, mas também espiritual – e consequentemente moral. Neste mundo Auxiliadora é um mero instrumento que se efetiva - e se aliena - não só na relação com seu avô e com os marginais que se reúnem em um cinema falido, mas inclusive com o próprio diretor que a utiliza como uma mera ferramenta para “auxiliar” na exposição de seu mundo, uma existência absurda e impossível que não se sustenta ao final - o próprio diretor não a mata para não perder seu “auxílio”. Ele a utiliza de forma abusada, seja para chocar com a nudez ingênua e sensual, seja para fazer um filme, por incrível que pareça, politicamente correto de “denúncia social”. Seus meios são chocantes e fortes, suas intenções são simplórias. Me parece que muitas feministas defendem o filme afirmando que este “retrata a realidade da mulher brasileira”. Creio que nem mesmo Cláudio Assis quis expressar isto.
O cinema, não pode ser a vida, está restrito em seus próprios termos a fazer recortes. Poucos cineastas conseguem apreender o mundo e a partir da vida realizar obras de arte universais, a estes, só podemos nos referir como gênios, o que não é o caso - e creio que Cláudio Assis nem almeja em sê-lo.
Deste modo, generalizar o sentido deste filme com a situação da mulher no país seria um exagero, ter a consciência de que pessoas são escravizadas com violência até maior do que a apresentada no filme é fundamental para que possa haver justiça, generalizar a questão seria ideologizar o problema e torna-lo uma mera ferramenta para “auxiliar” as disputas desta natureza. Neste caso, Auxiliadora seria triplamente explorada; sexualmente, esteticamente e politicamente.
Consequentemente, creio que o filme não consegue levar à tomada de consciência do problema, a própria estrutura naturalista e determinista do filme impossibilita qualquer ação efetiva – os plongées colocam os personagens ora como que em um microscópio, ora como em labirintos de cobaias. Não há propostas, nem ao menos estéticas, a beleza da fotografia é gratuita, assim como sua violência. Não há intenções, não há soluções, Auxiliadora esta “destinada” à prostituição como sua mãe o fora – creio que mãe de Auxiliadora seja a prostituta morta pelos “marginais do cinema”. Não há redenção alguma. E neste aspecto Cláudio Assis chega a ser extremamente corajoso, porém, reconhecer isto não é compartilhar de suas opiniões e concepções.
Quanto à interpretação do filme como um “filme-denúncia” tenho a impressão de que ele falha, justamente por esconder a tão almejada realidade. Ele caricatura o mundo dividindo-o simplesmente entre o bem e o mal – onde o mal reina soberano, inclusive. Seus personagens não possuem vida espiritual, são maus, com algumas exceções também caricaturais, não existe outra possibilidade. Em minha opinião, e nesta compartilho das concepções de Dostoievski, ninguém é tão mal que não possa ser capaz de cometer um ato de amor e de compaixão, ninguém é tão bom que não possa compactuar, inconscientemente, com as mais nefastas ações. Não há verdade neste filme.
Deste modo, se há uma falha terrível nos processos socializantes, capazes de dar lugar aos mais abomináveis monstros e aos mais apáticos santos, há falhas também na concepção do filme em conceber personagens caricaturais tão hediondos e sem vida. Estes seres não são humanos, não comportam a ambigüidade subjacente a qualquer ser moral. Assim, o filme é apenas uma máquina de causar sensações nauseantes destinadas a satisfazer um público masoquista e que sai do cinema chocado por saber que estas coisas acontecem.
Por fim, um aspecto interessante do filme é a gangue de marginais de classe média que se encontram no cinema falido e abandonado. É interessante notar que a leva de produções pernambucanas contemporâneas tem-se prestado a pensar o cinema, sobretudo o cinema brasileiro. No caso de Baixio das Bestas, a frase do líder da gangue sobre o cinema é muito clara....”o bom do cinema é que a gente pode fazer o que quiser”, ou seja, seres que se julgam acima da moral e prostituem o cinema utilizando-o como meio para seus objetivos. Porém, a pergunta que ficou em minha cabeça é se este plot é um modo inconsciente do próprio Cláudio Assis apresentar suas desculpas e justificar as suas verdades.
sábado, 4 de agosto de 2007
RETROSPECTIVA DO CINEMA PERNAMBUCANO
CINUSP “Paulo Emílio” apresenta
RETROSPECTIVA DO CINEMA
1993-2007
Apresentação
A presente retrospectiva foi motivada por um artigo de Luciana Veras sobre a atual produção do cinema pernambucano, publicado em junho de 2006 na Revista de Cinema. O artigo ressalta o vigor dessa produção, que culminava no momento em que, pela primeira vez, dois longas-metragens eram produzidos simultaneamente: Baixio das Bestas de Cláudio Assis, e Deserto Feliz de Paulo Caldas. E ainda fazia um rico panorama dos diversos diretores e curtas-metragens produzidos nas últimas duas décadas no estado.
O cinema pernambucano surgiu durante o cinema mudo, na década de 1920, quando se tornou um importante pólo produtor de filmes, período que ficou conhecido como Ciclo do Recife. Pertencem a esse ciclo alguns clássicos da cinematografia brasileira, como Aitaré da Praia e A Filha do Advogado, nos quais destacou-se o nome de Ari Severo, que foi ator e diretor de muitos dos filmes. No entanto, esse ciclo de produção foi encerrado com o advento do cinema sonoro, e durante anos, o cinema pernambucano esteve no ostracismo.
O atual momento vivido pelo cinema de Pernambuco, ao qual essa retrospectiva se dedica, teve início nos primeiros anos da década de 80. Foi quando alunos do curso de comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) começaram a realizar curtas em Super-8, numa época
Foi por volta destes tempos que a professora do Depto. de Cinema, Rádio e TV da ECA-USP, Vânia Debs – apontada por Lírio Ferreira como uma das “responsáveis” pelo cinema pernambucano – foi convidada para dar um workshop de montagem
Paralelamente, já nos anos 90, Recife viveu uma espécie de boom cultural, do qual fazia parte essa geração de cinema, mas em especial na cena musical, que viu surgir o movimento do manguebeat nos instrumentos e vozes de Chico Science, Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e Fred 04. Foi quando finalmente estourou o primeiro longa pernambucano desse ciclo, Baile Perfumado, dirigido por Paulo Caldas e Lírio Ferreira. O filme, sobre o mascate Abraão que registrou em cinema as únicas imagens em movimento de Lampião e Maria Bonita, teve sua trilha musical composta por Science, sintetizando passado histórico com o então presente cultural. A obra tomou de assalto o Festival de Brasília de 1997, de onde saiu como principal vencedor, impressionando o público e o júri com seu vigor
Depois de Baile Perfumado, outros cinco longas produzidos em Pernambuco foram lançados até hoje, e todos alcançaram grande sucesso em festivais, junto ao público e à crítica. Amarelo Manga, de Cláudio Assis e Cinema, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes são os filmes que acumularam o maior público nos cinemas brasileiros e ainda foram premiados em festivais no Brasil e no exterior.
Entretanto, entendemos que para fazer uma retrospectiva completa do cinema pernambucano contemporâneo é essencial que, além dos longas, também sejam exibidos uma parcela dos curtas mais significativos produzidos no mesmo período, para dar um panorama da base de formação desse cinema e desses cineastas. E ainda expandir essa percepção, exibindo curtas dirigidos por outros importantes colaboradores, como Adelina Pontual, e Hilton Lacerda, este roteirista de quatro dos cinco longas de ficção aqui exibidos. Além de uma amostra dos que há de mais recente na produção do estado, que revelaram nomes de uma nova geração, como Eric Laurence, Kleber Mendonça Filho e Cláudio Cavalcante, que em breve irá dirigir seu primeiro longa.
A possibilidade de assistir a esses filmes em conjunto pode ser muito enriquecedora, pois, apesar da pluralidade de gêneros, estilos e temáticas, parecem existir qualidades comuns a todos eles. A que mais chama a atenção, sem dúvida, é a vontade de formação de uma cinematografia própria, de seu estado e país, em que o resgate cultural, histórico e às tradições populares são buscados como elementos de construção de uma identidade.
É possível ainda que se revelem semelhanças temáticas e estéticas.
Esperamos assim oferecer ao público do CINUSP “Paulo Emílio” uma mostra relevante e diversificada, estimulando a difusão e a percepção da relevância do curta-metragem como bem cultural e de expressão, e do cinema como uma arte popular.
Victor A. Biagioni
LONGAS:
Baile Perfumado, Lírio Ferreira e Paulo Caldas (1997)
Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas, Paulo Caldas e Marcelo Luna (2000)
Amarelo Manga, Cláudio Assis (2003)
Cinemas, Aspirinas e Urubus, Marcelo Gomes (2005)
Árido Movie, Lírio Ferreira (2006)
Baixio das Bestas, Cláudio Assis (2007)
That’s a Lero-Lero, Lírio Ferreira e Amin Stepple (1994)
Soneto do Desmantelo Blue, Claudio Assis (1993)
Maracatu, Maracatus, Marcelo Gomes (1995)
Texas Hotel, Cláudio Assis (1997)
Conceição, Heitor Dhalia (1999)
Êxito de Rua, Cecília Araújo (2004)
SESSÃO DE CURTAS II:
Clandestina Felicidade, Beto Normal e Marcelo Gomes (1998)
Simião Martiniano – O Camelô do Cinema, Hilton Lacerda e Clara Angélica (1998)
O Pedido, Adelina Pontual (1999)
O Mundo é uma Cabeça, Bidu Queiróz e Cláudio Barroso (2005)
Rapsódia para um Homem Comum, Camilo Cavalcante (2005)
SESSÃO DE CURTAS III:
O Homem da Mata, Antonio Luiz Carrilho (2005)
A História da Eternidade, Camilo Cavalcanti (2001)
Entre Paredes, Eric Laurence (2005)
Vinil Verde, Kleber Mendonça Filho (2004)
Eletrodomésticas, Kleber Mendonça Filho(2005)
PROGRAMAÇÃO:
1ª Semana
16h 19h
06/08 07/08 08/08 09/08 10/08
Amarelo Manga | Baile Perfumado | Baile Perfumado | Amarelo Manga | Sessão de Curtas I |
Baile Perfumado | Amarelo Manga | Sessão de Curtas I | Baile Perfumado | Amarelo Manga |
2ª Semana
16h 19h
13/08 14/08 15/08 16/08 17/08
Cinema, Aspirinas e Urubus | Rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas | Rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas | Cinema, Aspirinas e Urubus | Sessão de Curtas II |
Rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas | Cinema, Aspirinas e Urubus | Sessão de Curtas II | Rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas | Cinema, Aspirinas e Urubus |
3ª Semana
20/08 21/08 22/08 23/08 24/08
16h 19h | Árido Movie | Árido Movie | Baixio das Bestas | Sessão de Curtas III | ||
Árido Movie | Baixio das Bestas | Sessão de Curtas III | Árido Movie | Baixio das Bestas |
SINOPSES – LONGAS
Brasil, 2002, 35mm, 100 min
Direção: Cláudio Assis
Elenco: Matheus Nacthergaele, Jonas Torres, Dira Paes, Chico Diaz e Leona Cavalli.
Sinopse
Guiados pela paixão, os personagens desse filme vão penetrando num universo feito de armadilhas e vinganças, de desejos irrealizáveis, da busca incessante da felicidade. O universo aqui é da vida-satélite e dos tipos que giram em torno de órbitas próprias, colorindo a vida de um amarelo hepático e pulsante. Não o amarelo do ouro, dos brilhos e das riquezas, mas o amarelo do embaçamento do dia-a-dia, e do envelhecimento das coisas postas. Uma amarelo-manga, farto.
* Melhor Filme – 35º Festival de Brasília
Brasil, 2006, 35mm, 115 min
Direção: Lírio Ferreira
Elenco: Guilherme Weber, Giulia Gam, Selton Mello, Gustavo Falcão, Mariana Lima, Matheus Nacthergaele, José Dumont, Renata Sorrah e Paulo César Pereio
Sinopse
Jonas é o repórter do tempo de uma grande rede de TV, que mora
* Melhor Filme – Cine PE Festival de Recife
BAILE PERFUMADO
Brasil, 1997, 35mm, 93 min
Direção: Paulo Caldas e Lírio Ferreira
Elenco: Duda Mamberti, Luiz Carlos Vasconcelos, Aramis Trindade, Chico Diaz, Jofre Soares, Cláudio Mamberti e Giovana Gold.
Sinopse
Amigo íntimo do Padre Cícero, o mascate libanês Benjamin Abrahão decide filmar Lampião e todo seu bando, pois acredita que este filme o deixará muito rico. Após alguns contatos iniciais ele conversa diretamente com o famoso cangaceiro e expõe sua idéia, mas os sonhos do mascate são prejudicados pela ditadura do Estado Novo.
* Melhor Filme – 30º Festival de Brasília
Brasil, 2006, 35mm, 80 min
Direção: Cláudio Assis
Elenco: Mariah Teixeira, Fernando Teixeira, Caio Blat, Matheus Nachtergaele, Dira Paes, Marcélia Cartaxo e Hermila Guedes.
Baixio das Bestas é o lugar símbolo das confluências humanas. Uma tosca idéia de possibilidades. Um pobre conceito de riqueza. Nesse cenário se passa a história de Auxiliadora, uma menina de 13 anos explorada pelo velho avô, seu Heitor, um moralista ambíguo, que em tudo vê falta de autoridade, mas ganha dinheiro explorando sua neta. Por sua vez, Cícero, um jovem de uma conhecida família local, assiste ao drama de Auxiliadora e cria por ela uma paixão insustentável. Do enfrentamento de seu Heitor e Cícero será decidido o destino de Auxiliadora.
* Melhor Filme – 39º Festival de Brasília
CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS
Brasil, 2005, 35mm, 99 min
Direção: Marcelo Gomes
Com: Peter Ketnath, João Miguel e Hermila Guedes
Sinopse
Em 1942, no meio do sertão nordestino, dois homens vindos de mundos diferentes se encontram. Um deles é Johann, alemão fugido da 2ª Guerra Mundial, que dirige um caminhão e vende aspirinas pelo interior do país. O outro é Ranulpho, um homem simples que sempre viveu no sertão e que, após ganhar uma carona de Johann, passa a trabalhar para ele como ajudante. Viajando de povoado em povoado, a dupla exibe filmes promocionais sobre o remédio "milagroso" para pessoas que jamais tiveram a oportunidade de ir ao cinema. Aos poucos surge entre eles uma forte amizade.
* Seleção Oficial Un Certain Regard – Festival de Cannes
RAP DO PEQUENO PRÍNCIPE CONTRA AS ALMAS SEBOSAS
Brasil, 2000, 35mm, 75 min
Direção: Paulo Caldas e Marcelo Luna
Documentário
Sinopse
Dois jovens, um justiceiro e um músico, vivem num universo de violência. Helinho, 21 anos, conhecido como "Pequeno Príncipe", é acusado de matar 65 bandidos no município de Camaragibe, periferia do Grande Recife. Garnizé, 26 anos, componente da banda de rap Faces do Subúrbio, militante político e líder comunitário em Camaragibe, usa a cultura para enfrentar a difícil sobrevivência na periferia. Os dois são os opostos e ao mesmo tempo iguais na condição de filhos de uma guerra social silenciosa, que é travada diariamente nos subúrbios das grandes cidades brasileiras. Cada um reage a sua maneira.
SESSÃO DE CURTAS I – 84 minutos
THAT’S A LERO LERO
Brasil, 1995,16mm, 16 min
Direção: Lírio Ferreira e Amin Stepple.
Elenco: Bruno Garcia e Aramis Trindade.
Sinopse: Em julho de 1942, o cineasta Orson Welles desembarca no Recife para filmar a cidade e fazer uma grande festa com os intelectuais locais.
SONETO DO DESMANTELO BLUE
Brasil, 1993, 35mm, 8 min
Direção: Cláudio Assis.
Elenco: Henrique Amaral, Maria Vasconcelos, Virgínia Cavendish.
Sinopse: Fragmentos da vida e obra do poeta pernambucano Carlos Pena Filho.
MARACATU, MARACATUS
Brasil, 1995, 35mm, 14 min
Direção: Marcelo Gomes.
Sinopse: As diferenças culturais entre as várias gerações de integrantes do Maracatu rural, ritual afro-indígena que tem suas origens nos engenhos de açúcar de Pernambuco.
TEXAS HOTEL
Brasil, 1999, 35mm,14 min
Direção: Cláudio Assis.
Elenco: Jaison Wallace.
Sinopse: O que acontece enquanto a vaca vai e vem.
CONCEIÇÃO
Brasil, 1999, 35mm, 17 min
Direção: Heitor Dhalia.
Co-Direção: Renato Ciasca.
Elenco: Aramis Trindade, Claudio Assis, Magdale Alves, Mônica Pantoja.
ÊXITO DE RUA
Brasil, 2004, 35mm, 15 min
Direção: Cecília Araújo.
Sinopse: Movimento, vida, cinema, revolução, música, hip-hop, grafitagem, break, MCs, DJs, VJs, conscientização política, transformação social, desobediência civil: Êxito D´ Rua.
SESSÃO DE CURTAS II – 85 minutos
CLANDESTINA FELICIDADE
Brasil, 1998, 35mm, 14 min
Direção: Beto Normal e Marcelo Gomes.
Sinopse: Fragmentos da infância da escritora Clarice Lispector, em Recife, 1929. Sua paixão pela leitura, seu olhar curioso e perplexo, a descoberta do mundo.
SIMIÃO MARTINIANO, O CAMELÔ DO CINEMA
Brasil, 1998, 35mm,14 min
Direção: Hilton Lacerda, Clara Angélica.
Sinopse: A história de Simião Martiniano, homem que divide seu tempo entre os ofícios de camelô e cineasta.
O PEDIDO
Brasil, 1999, 35mm, 15 min
Direção: Adelina Pontual.
Elenco: Geninha da Rosa Borges, Hermylla Guedes, Jones Melo, Alcir Lacerda.
Sinopse: Num velho casarão, uma velha senhora e sua jovem afilhada preparam-se para receber uma misteriosa visita que realizará um antigo desejo.
O MUNDO É UMA CABEÇA
Brasil, 2005, 35mm, 17 min
Direção: Bidu Queiroz, Cláudio Barroso.
Sinopse: O Manguebeat é um movimento que eclodiu no início dos anos 90
RAPSÓDIA PARA UM HOMEM COMUM
Brasil, 2005, 35mm, 25 min
Direção: Camilo Cavalcante.
Elenco: Cláudio Jaborandi, Jones Melo, Magdale Alves.
Sinopse: Epaminondas é um funcionário público classe média baixa no início da década de 70. Um homem comum, pai de família, que tem o dia-a-dia cercado por compromissos burocráticos e já não agüenta mais a rotina banal a que está submetido.
SESSÃO DE CURTAS III – 77 minutos
O HOMEM DA MATA
Brasil, 2004, 16mm, 19 min
Direção: Antonio Luiz Carrilho.
Elenco: José Borba, Simião Martiniano, Jones Melo, Lourival Batista, Hermylla Guedes, Soraia, Nerisvaldo, Jonathans Nino, Gilvan, Trio Sabugo de Milho, Diogo Almeida.
Sinopse: José Borba da Silva, ator, canavieiro, cantor, pai-de-santo e artista da cultura popular, interpreta Jack, o vingador justiceiro, super-herói defensor dos trabalhadores da Zona da Mata Atlântica do Nordeste do Brasil.
A HISTÓRIA DA ETERNIDADE
Brasil, 2003, 35mm, 10 min
Direção: Camilo Cavalcante.
Elenco: Adriana Maciel, Charles Franklin, Cosme "Prezado" Soares, Geraldo Pinho, Iracema Almeida, João Ferreira, Júlio Verçosa, Marco Camaroti, Nerisvaldo Alves, Nina Militão, Roberta Alves, Seba Alves, Valdir Nunes, Vanessa Suedy.
Sinopse: A História da Eternidade é um falso plano-sequência que pretende conduzir o espectador a uma viagem dentro dos instintos humanos, através de uma linguagem poética e metafórica.
ENTRE PAREDES
Brasil, 2004, 35mm, 15 min
Direção: Eric Laurence
Elenco: Hermyla Guedes, Servílio de Hollanda.
Sinopse: Possessividade, desejo, paranóia e culpa são sentimentos obscuros numa relação amorosa, onde o medo da perda e a desconfiança podem destruir a vida ou levar à loucura.
O VINIL VERDE
Brasil, 2004, 35mm, 13 min
Direção: Kleber Mendonça Filho.
Elenco: Gabriela Souza, Ivan Soares, Verônica Alves.
ELETRODOMÉSTICAS
Brasil, 2005, 35mm, 22 min
Direção: Kleber Mendonça Filho
Elenco: Gabriela Souza, Magdale Alves, Pedro Bandeira.
Sinopse: Classe média, anos 90, 220 Volts.
Universidade de São Paulo
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária
CINUSP “Paulo Emílio”
Rua do Anfiteatro, 181 – Colméia – Favo 37(Adm.) Favo 4 (projeção)
São Paulo – SP 05508-900
www.usp.br/cinusp - cinusp@edu.usp.br
fone: 3091-3540/3152 – fone/fax: 3091-3364
Entrada Franca – 100 lugares
Som Dolby Stéreo
terça-feira, 10 de julho de 2007
O cinema morreu, diz o cineasta Peter Greenaway
Raoni Maddalena/Divulgação
Peter Greenaway em São Paulo
* LeiaBLOG DO VIDEOBRASIL
Para o multiartista britânico Peter Greenaway, o cinema morreu -- e já faz algum tempo. Segundo ele, o que Hollywood faz hoje é produzir em série histórias previsíveis. O cinema realmente importante para o público deixou de existir. "Os fimes narrativos já não despertam interesse", diz Greenaway. "Na Holanda, onde eu moro, as pessoas vão em média ao cinema uma vez a cada dois anos."
Greenaway, ironicamente, está no Brasil para, entre outras coisas, viabilizar a produção de um filme que ele pretende rodar em São Paulo. Além disso, veio acertar detalhes da performance que vai comandar como VJ para o festival de arte eletrônica Videobrasil, em setembro. Será um desdobramento de um projeto que o mobiliza há mais de dez anos e para o qual ele realizou, entre 2002 e 2003, um filme de sete horas de duração. Tudo gira em torno de 92 malas cheias de vestígios de uma história que atravessa décadas. As malas teriam sido deixadas por um certo Tulse Luper, escritor desaparecido em 1989.
O personagem vem sendo tratado como um mistério, mas Greenaway não faz segredo sobre sua identidade. "Sou eu", diz ele. "Eu nasci em 1942, três anos antes da bomba de Hiroshima. Tenho mais ou menos a idade de John Lennon e Mick Jagger. Esse foi o início de uma época que terminou em 1989, com a queda do Muro de Berlim." Greenaway descreve esse período como uma fase de grande otimismo, principalmente em relação à tecnologia. É uma época que ele também chama de "era do urânio", em
referência ao papel-chave exercido ao longo desse tempo pela energia nuclear.
Greenaway localiza o início da morte do cinema um pouco antes do encerramento dessa fase: o lançamento, em 1983, do controle remoto sem fio que operava tanto a televisão quanto o videocassete. O zapping trouxe para os lares a possibilidade de interação e a passividade do cinema caiu em desgraça. "Não há mais por que juntar um monte de gente numa sala escura em que só há um lugar bom para ver o filme, a poltrona equidistante das caixas de som que permite ver a tela bem no centro", diz Greenaway, que vem operando com vídeo de alta definição há vários anos. "Já existe tecnologia para envolver o espectador em som e imagem por todos os lados e fazer dele um agente da ação."
O ambiente virtual e tridimensional do site Second Life é a prova de que o futuro já chegou e que as crianças e jovens de hoje em dia já vivem numa época pós-cinematográfica. Greenaway prentende explorar essas possibilidades em sua performance no Videobrasil, na qual vai mixar, editar e reeditar imagens de seus filmes da série Tulse Luper com música ao vivo, num "live act" que, ele espera, levará o público a dançar. Para isso ele usará equipamentos com touch screen, pelos quais é possível projetar e misturar imagens em grande escala com o toque dos dedos sobre uma tela de monitor.
Greenaway se tornou conhecido mundialmente pelos filmes que realizou em suporte e formato mais ou menos tradicionais entre as décadas de 80 e 90, como "O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante" e "O Livro de Cabeceira". Esses títulos alimentaram no autor uma frustração com os limites do cinema que o levou às experimentações dos últimos anos.
Perguntado se o novo cinema "ao vivo" que ele persegue com tecnologia eletrônica se aproxima do teatro, ele diz que é a pintura sua fonte de inspiração. "Eu acredito que os pintores Caravaggio, Velásquez e Rembrandt foram os inventores do cinema, três séculos antes dos irmãos Lumière", diz Greenaway. "Está ali a dramaticidade e o jogo de luz e sombra que fizeram a grandeza do cinema narrativo nos anos 30 e 40. E é esse aspecto sensorial que o espectador absorve, muito mais do que a estrutura romanesca."
Rembrandt é o inspirador do próximo filme de Greenaway, cujo título é o mesmo da obra mais célebre do pintor holandês, "A Ronda Noturna". O cineasta quis levar para as imagens em movimento sua convivência intensa com o quadro, que está exposto do outro lado da rua onde ele mora em Amsterdã. "A Ronda Noturna" estréia no Festival de Veneza, no fim de agosto.
Sobre o filme que pretende realizar em São Paulo, ele adianta que tratará de erotismo ou pornografia e que escolheu o Brasil para filmá-lo porque se sente fascinado pelo que qualifica de tensão entre a cultura católica e a liberdade de costumes.